17 setembro, 2009

Sapato Florido

DA PAGINAÇÃO 

Os livros de poemas devem ter margens largas e muitas páginas em branco e suficientes claros nas páginas impressas, para que as crianças possam enchê-los de desenhos - gatos, homens, aviões, casas, chaminés, árvores, luas, pontes, automóveis, cachorros, cavalos, bois, tranças, estrelas - que passarão também a fazer parte dos poemas…


TRISTE ÉPOCA

Em nossa triste época de igualitarismo e vulgaridade, as únicas criaturas que mereceriam entrar numa história de fadas são os mestre-cucas, com os seus invejáveis gorros brancos, e os porteiros dos grandes hotéis, com os seus alamares, os seus ademanes, a sua indiscutida majestade.


EXEGESE

- Mas que quer dizer esse poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
- E que quer dizer uma nuvem? - retruquei triunfante.
- Uma nuvem? - diz ela. - Uma nuvem umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo...


QUE HAVERÁ NO CÉU?

Se não houver cadeiras de balanço no Céu... que será da tia Élida, que foi para o Céu?



(Todos poemas do livro Sapato Florido, de Mário Quintana)

03 setembro, 2009

Pro Bem da Cidade

Como é difícil você não se entrosar
e ainda ter uma certa tendência
a se espreguiçar em hora errada:
e São Paulo não pode parar pra te acompanhar.

Como é difícil!
E você acaba perdendo a calma
porque seu ônibus não espera.
Você vem devagarinho, meio com sono,
ele não espera.
Se você corre, gesticula,
grita desesperado, ele espera.
Mas se você vem devagarinho, meio com sono,
ele não espera.

Acho que vou ter quer dar um jeito nessa cidade.
É pro bem dela.
Já que não vou mudar mesmo,
eu vou dar um jeito nela.
É pro bem dela.

(Simples canção de Luiz Tatit - Rumo aos antigos)