15 novembro, 2009

Em resposta à vendo passar ela

Amor-morto.
Não foi o vermelho que expirou
A tragédia cedeu lugar à pressa
E o real contaminou a graça.
E o amor, este sim, mudou
A morte de amor, morreu
Os olhos dos amantes
Se encheram de preguiça
E a dor não mata mais.
Assim.


Os livros que tratam dos amores dilacerados
Que se dilacerem eles próprios
Ou que ardam – na brasa do sol!
Mudem de nome as criaturas
De um poeta inglês
E se criem novos heróis à maneira nova
Que secam lágrimas ao calor úmido.
Quando choram.


As amêndoas amargas de linhas colombianas
Não exalam seu perfume como dantes
Remetendo aos desejos sem ventura.
Tudo se arruma.
E a dor vem sim como um remédio
Que só no íntimo – e no gosto –
Remete às amêndoas.


Amor-novo.
De um novo entender o sol
E o frescor, o frescor raro.
À maneira nova, serão levados
Os amores – com e sem ventura!


Se a um tempo não se morre, se passa
Ao que se pode ver a extrema graça
De morrer
Um pouquinho de amor


Naquela manhã de fevereiro,
Restaram o sol e os confetes na sarjeta.
E a praça, a praça
continuava ali.


(Ao amigo Rodolfo, que me deu a forma desta poesia.
E a elas, elas que passam.)

Poema do amigo Rafael, em 22 de fevereiro de 2007