26 outubro, 2006

Um cicerone, um visitante e um conto

Por pouco não fora uma overdose. Não lembrava por quando tempo havia consumido avidamente toda aquela sorte de drogas. Uma semana? Um mês? Um ano? Mais! O tempo em questão lhe era vago. Podia ser maior. Podia ser menor. Ele preferia crer na primeira hipótese. E seu transe? Deste, a lembrança era mais certa. Acontecera há cerca de um ano. O transe o havia marcado: vira um anjo.

Havia algo que tirava aquele homem do conjunto dos meros homens. Sim, era anjo! E por ser anjo era interdito. Não podia ser tocado. Podia sim ser observado. Mas quem teria força para olhar naqueles olhos pelo tempo suficiente? Ele não tinha. E se tivesse, haveria o tempo suficiente? Apesar disso, por um esforço involuntário a mão do visitante foi tocada. O toque foi retribuído, até com certo gosto. Mas não passou disso. Era anjo e era interdito.

Aconteceu que o efeito passou.

Foram instantes de felicidade radiante, mas algo o atormenta. Não sabe se o visitante é o que foi, ou se é uma criatura de sua cabeça há tanto alucinada. Tem certeza de que houve visitante. Era todo material! Era físico demais! Mas não há como certificar sua procedência.
Agora, ele sozinho, jogado de volta ao real que é o mundo de chão, encontrou uma única saída. Usa toda a sorte de drogas, entre as velhas conhecidas e novidades tecnológicas, buscando reencontrar, alucinada ou não, aquela divina sensação. amor

(Para Marisa, a cantora. Toda essa trama só acontece porque ouço e distorço sua música)

6 comentários:

Pedro David disse...

Rodolfo,

Teu texto tem a nobreza a a concisão da tua poesia, e da tua figura. Vai nessa, vamos nessa, sigamos escrevendo, que é o que nos alegra.

Abraço.

Anônimo disse...

Seu texto mostra muita coisa que eu conheço de longa data,me identifiquei demais com o que você escreveu e já te dise isso.
um grande abraço. continue escrevendo, jovem. inté.

Bárbara disse...

olla!! ja tinha lido esse texto! muita viagem mesmo! gostaria de passar por momentos assim :ooo oww! assim como disseram nao pare de escrever!
bjos

Anônimo disse...

Viagem.
Viagem, sim, mas o melhor tipo que pode existir.
E o que eu posso dizer é que todos nós devemos usufruir dela, sem culpa.
Um beijo, sucesso.

Anônimo disse...

A viagem pode ter muitos significados... mas a melhor, vc conseguiu exprimir da melhor forma... Adorei o texto, me fez pensar em várias coisas!
beijos e não pare de escrever nunca! Vc tem muito talento!
beijinhos

Anônimo disse...

É muito bom ler algo e identificar uma sensação, uma lembrança, um sentido, ainda mais interessante é ver vários significados, vi alguns ao longo da leitura e gostei de todos. Quero mais!