10 dezembro, 2007

Não-poema todo pra Lia

1.
Nem todo mundo
dá num poema
meu
ou de qualquer outra pessoa.

2.
Ele - o poema -
salta, corre, dança
tentando te ser,
mas não alcança:
me foge.

Ele - não este -
pensa, fabula, conspira
e, tentando te ser,
irrompe em fala.
Mas fala pouco,
fala sem ênfase:
e não te serve.

3.
Aqui, a busca pára
e o poema não aparece.
Entrego: não tenho a técnica para fazê-lo.
Mas sei bem
que ele existe, mesmo
sem ser encontrado,
ante-estético, em mim.

4.
Então, este - o não-poema - se faz
no inconcluso.
Se faz pouco,
e tampouco te diz ou te digniza,
mas, teu,
é o que pude
com tempo estreito
e largo carinho,
Lia.